segunda-feira, 28 de abril de 2025

Após quase 14 anos, Açude Orós volta a sangrar no Ceará

Sangria do açude foi há 14 anos / Crédito: Rafael Cavalcante, em 28/5/2011

Após quase 14 anos, o Açude Orós voltou a sangrar neste sábado, 26 de abril, por volta das 22h17min. Localizado no município de mesmo nome, na microrregião de Iguatu, a 342 quilômetros de Fortaleza, o reservatório não registrava sangria desde agosto de 2011.

O fenômeno representa esperança para milhares de cearenses que dependem de suas águas para o abastecimento e a subsistência. A ação da natureza foi registrada de forma emocionada por moradores, em postagens na internet.

A população oroense esperava o acontecimento próximo às águas e acompanhou a vazão do recurso hídrico com gritos e pulos de alegria.

Porém, até as 23h42min do sábado, 25, não havia registro ainda no portal hidrológico cearense, estando ainda entre os 14 açudes com volume acima de 90%, mas ainda não entre os 50 sangrando até a hora registrada (ver lista ao fim da matéria).

“O Orós é festa, vida e esperança! Hoje o nosso gigante sangra, enchendo de alegria os corações do nosso povo. É o presente da natureza abençoando a nossa terra com água, fartura e renovação. Viva o Açude Orós! Viva essa benção, que se espalha em cada canto da nossa História! Que essa sangria seja símbolo de dias melhores para todos nós!”, comemorou a Prefeitura de Orós, em publicação nas redes sociais.

Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), nos últimos 20 anos o açude registrou somente três episódios de sangria: em 2008, 2009 e 2011. Desde então, o maior volume armazenado foi registrado em abril de 2012, quando o reservatório chegou a 84,4% da capacidade total.

O período mais crítico de escassez ocorreu entre janeiro e março de 2020, quando o açude operou no volume morto — menos de 5% de sua capacidade. Esse cenário preocupante refletia a severidade da estiagem e os impactos nas atividades agrícolas, no abastecimento urbano e na vida das comunidades ribeirinhas.

Graças às fortes chuvas que atingiram o estado desde o início do ano, o reservatório apresentou uma elevação significativa no volume de água. A barragem passou de 58,6% de sua capacidade em 1º de janeiro para 88,8% no dia 25 de abril, representando um aumento de quase 30%

O Orós é o segundo maior reservatório do Ceará, com capacidade para armazenar 1,612 bilhão de metros cúbicos de água. Ele fica atrás somente do Castanhão, que comporta 6,7 bilhões de m³.
O desastre

A construção do Açude Orós iniciou-se no governo de Epitácio Pessoa (1919–1922), mas foi interrompida e só retomada durante o mandato de Juscelino Kubitschek (1956–1961).

Em 1960, durante o período de obras, fortes chuvas provocaram o rompimento parcial da barragem, despejando 3,5 bilhões de metros cúbicos de água no leito do rio Jaguaribe.

Conforme noticiado pelo O POVO à época, o desastre teve consequências devastadoras. Cerca de 70 mil pessoas foram diretamente impactadas, o equivalente a 60% da população do baixo Jaguaribe na época. Casas, plantações e estruturas foram arrastadas pela força da água.

Diante da tragédia, o então presidente Juscelino Kubitschek visitou a região apenas três dias após o rompimento e ordenou a imediata retomada das obras. O açude foi finalmente concluído em 1961 e, desde então, tornou-se uma das principais estruturas hídricas do estado.

A importância do Açude

O Orós é peça-chave para a segurança hídrica do Ceará. Com sua capacidade de armazenar mais de 1,6 bilhão de metros cúbicos de água, ele abastece diretamente cidades e comunidades rurais, além de contribuir para o equilíbrio do sistema hídrico estadual.

O açude também desempenha papel decisivo no suporte à agricultura irrigada, especialmente em períodos de estiagem prolongada. Suas águas garantem o funcionamento de perímetros irrigados e a subsistência de centenas de famílias que dependem da produção agrícola para sobreviver.

Além disso, ele integra o sistema de reservatórios que alimentam a Região Metropolitana de Fortaleza e outros grandes centros urbanos do estado, funcionando como regulador do volume hídrico em tempos de abundância ou escassez.

Açudes sangrando no Ceará

A indicação dos açudes foi atualizada nesta sexta-feira, 25 de abril (21h13min)

Acaraú Mirim (Massapê)
Arrebita (Forquilha)
Carmina (Catunda)
Forquilha (Forquilha)
Jenipapo (Meruoca)
Sobral (Sobral)
São Vicente (Santana do Acaraú)
Caldeirões (Saboeiro)
Muquém (Carius)
Rivaldo de Carvalho (Catarina)
Trici (Tauá)
Angicos (Coreaú)
Diamantino II (Marco)
Gangorra (Granja)
Itaúna (Granja)
Tucunduba (Senador Sá)
Várzea de Volta (Moraújo)
Caxitoré (Umirim)
Frios (Umirim)
Itapajé (Itapajé)
Jerimum (Irauçuba)
Tejuçuoca (Tejuçuoca)
Gameleira (Itapipoca)
Gerardo Atimbone (Sobral)
Missi (Miraíma)
Mundaú (Uruburetama)
Poço Verde (Itapipoca)
Quandú (Itapipoca)
Santa Maria de Aracatiaçu (Sobral)
São Pedro Timbaúba (Miraíma)
Acarape do Meio (Redenção)
Amanary (Maranguape)
Aracoiaba (Aracoiaba)
Catucinzenta (Aquiraz)
Cauhipe (Caucaia)
Germinal (Pacoti)
Itapebussu (Maranguape)
Malcozinhado (Cascavel)
Maranguapinho (Maranguape)
Pacajus (Pacajus)
Penedo (Maranguape)
Pesqueiro (Capistrano)
Sítios Novos (Caucaia)
Tijuquinha (Baturité)
Olho d'Água (Várzea Alegre)
Rosário (Lavras da Mangabeira)
Tatajuba (Icó)
Do Batalhão (Crateús)
Sucesso (Tamboril)

São José III (Ipaporanga)